Desvendei tua identidade, invisível segredo em observar-me. Teu olhar treinado, tua infinita paixão por linhas, curvas, pontos e minhas pintas, pintadas pelos raios que entram ao amanhecer, ou pelo abajur que me pedes para apagar depois do suspiro gozado.
Teu gosto pelas texturas mundanas inventadas, tua busca incessante por penetrar para além do que a lente pode captar, os quatro segundos que estabeleces para primeiro, segundo e terceiro plano e o plano de despertar-me com o clic-clac, tentando imortalizar o quadro do quarto.
É que teu carinho vem sempre com legenda, teus olhos eternos projetores de satisfação e em um simples passeio me transformas em tua musa eterna, sendo protagonistas minhas botas, perucas, personagens ou gritos. Agarra-me pelo braço e diz que meu cabelo branco negro ou os meus olhos são pontos de fuga por onde fugindo te encontrastes.
Teu sorriso discreto no canto da boca e da festa, enquanto me viro do avesso com todos os olhares não-treinados ao meu redor.
Não há experiência mais incrível em ser teus pixels, casamento feliz ainda que por uma noite.
Eu bailarina e tu, foto.