terça-feira, 26 de outubro de 2010

Leitura de Clarice...

De uma crônica de um livro, publicado em 1978, intitulado "Para não esquecer"

Por não estarem distraídos

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriquagez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."

Clarice Lispector

terça-feira, 19 de outubro de 2010

"Venha sentir o que se pode sentir"




ALGUM LUGAR FORA DO MUNDO
Um espetáculo-instalação com formato de acampamento performático, onde o público participa ativamente no desenvolvimento do enredo instalando-se nas tendas que funcionam como relicários. Os intérpretes, auxiliados por elementos da dança, do teatro, da música, da literatura (Rimbaud, Artaud, Baudelaire e Mallarmé) e do cinema (Buñuel e Cocteau) transmitem a sensação de Algum Lugar Fora do Mundo.
Essa apresentação mostra, em uma polifonia cênica e plástica, diferentes olhares para as questões que permeiam o nosso cotidiano intenso, diverso, desigual e inexaurível. Considerando como inspiração alguns ideários que animam o espírito nômade do homem como a emergência do novo, o resgate do humano, a posição do indivíduo no coletivo e as digladiações (liberdade/prisão, amor/ódio, morte/vida, crença/ceticismo, constância/inconstância, riqueza/pobreza, passado/futuro, “errância”/enraizamento, apego/desapego). Para essa versão de 2010, ano que marca os 10 anos da Cia. Corpos Nômades, algumas cenas serão “transcriadas” e propõe-se revisitar suas inspiratórias. Essa montagem foi uma co-produção do SESC-SP, para a Mostra Internacional Mediterrâneo de Arte do SESC – 2005 e recebeu o premio APCA 2005.
FICHA TÉCNICA:
Concepção e Direção: João Andreazzi.
Elenco: Bruna Dias, Fabiola Camargo, Édria Barbieri, Isabella Franceschi, Leticia Moreira, João Andreazzi, Márcio Campos, Murilo de Paula, Norma Gabriel e Ricardo Silva.
Montagem Iluminação: Anselmo Alves
Trilha Sonora: Vanderlei Lucentini
Cantora voz em off: Thula
Figurino – David Schumaker
Cenário e vídeo – Cia. Corpos Nômades
Agradecimentos Especiais: Verônica Mello, Silvie Layla, Suia Legaspe, Lavínia Pannunzio, Adega Olmos, Raquel Centeno, Paulo Simões e Biblioteca Jenny Klabin.
SESC PINHEIROS
Rua Paes Leme, 195. Pinheiros - São Paulo - SP.
Ingressos: R$10,00 (inteira), R$5,00 (usuário matriculado no SESC e dependentes) e R$2,50 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes)
não recomendado para menores de 12 anos


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Procuram-se razões.


Estranho ir para casa depois de um dia cansativo o qual carrega o maior desejo, mais uma noite fugidia...


E toda a extensão dessa linda avenida bruta reforça que o tempo não pararia para mim, obviamente que não. Sinto calafrios aqui. E ali... E acolá.


Não mais trocar de faixa, inverter, subverter, desfazer, descer, tocar, subir, abrir, sorrir, sentir...


Tocar adiante. Refazer. Reverter.



Vende-se motor flex. Também movido a paixões.




segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A minha vida orgulha-se em pregar peças em mim mesma.

Talvez eu devesse escrever um livro.

Falta-me a licença poética ou o distanciamento crítico. Mas que é bem interessante, isso é!

Boa noite aos corações insones.

sábado, 2 de outubro de 2010

E repentinamente volto a essa página para dedilhar mais algumas canções.

Ao "mundo etéreo, cheio de esplendor" que os olhos azuis-esverdeados e cinzentos, nos últimos meses, me arrastaram.
É simples e é possível ser completamente compreendida e respeitada, maravilhoso descobrir-se no outro sincero.

Carregada de concretas e abstratas lembranças, orgulho-me imensamente de ter permitido.

E também apresento o maior orgulho de parecer brega escrevendo essas melosas reflexões.

Afinal, de vez em quando, mereço ser uma moça sonhadora de 23 anos.